Entrevista a José Pedro Vasconcelos: “Nunca fiz só televisão, não posso dar-me ao luxo de fazer só uma coisa”

Fotografia: Divulgação RTP

“Alguém tem de o Fazer” estreou-se ontem na RTP1 com José Pedro Vasconcelos a dar vida a três dezenas de profissões. Ator fala sobre a experiência.

Nadador-salvador, lutador de Wrestling, homem de recolha do lixo ou “stripper”: José Pedro Vasconcelos vai experimentar 30 profissões no programa “Alguém tem de o Fazer”, que estreou ontem, na RTP1, para dar visibilidade a atividades recorrentes e outras que são “invisíveis”. É a estreia do apresentador e ator num programa às nove da noite, logo a seguir ao “Telejornal” e que estreia depois do interregno do “E depois Vai-se a Ver e Nada”, no qual fez 77 programas.

“É um programa de 50 minutos, cada um tem duas profissões, são 30 no total, mas pareceram-me 50. Fomos à procura de coisas diferentes e inspiradoras. Há profissões que são recorrentes, e por isso invisíveis e há outras por explorar”, conta o ator à N-TV, ele que descobriu, por exemplo, que “existe um campeonato de Wrestling, no Parque Mayer, em Lisboa”.

Aqui, José Pedro Vasconcelos lutou, sem se “magoar”, e, noutra profissão, mergulhou “num tanque a seis metros de profundidade para montar uma estrutura”.

Mas a profissão mais difícil nem teve a ver com o físico, mas com o paladar e olfato. “Sou ator, logo finjo coisas, mas não consegui fingir que era enólogo, que é uma coisa que tens ou não tens, o palato, o olfato. Sou profundamente ignorante e aquilo sabia-me tudo à mesma coisa”, reconhece.

Entre as profissões nas quais se sentiu “emocionado”, José Pedro Vasconcelos destaca a de recolha do lixo. “Fui trabalhar com uma senhora que tinha 60 e poucos anos que carregava caixotes do lixo para dentro do camião, às quatro e meia da manhã. Não é nada fácil, fiz numa manhã, o cheiro é muito duro. Mas percebi que aquela senhora faz aquilo com grande alegria. Relativizas tudo a seguir a isto!”, defende.

Empresário é o plano A

Depois de ser sócio de um restaurante em Lisboa, José Pedro Vasconcelos abriu dois hotéis, no Alentejo e no Algarve, e explica que, mais do que um plano B à televisão, as duas unidades são mesmo um plano A. “Tenho dois estabelecimentos abertos, em Évora, a Imany Country House e na Praia Verde, a Imany Beach Village. Nunca fiz só televisão, além de ser ator, não posso dar-me ao luxo de fazer só uma coisa, mas gostava de conseguir, tornava-me um profissional melhor”, justifica.

A representação “tem estado parada” porque a televisão o “roubou” ao teatro, mas José Pedro Vasconcelos promete voltar em breve a esta arte, que já não faz há dez anos. “Não sei se é este ano, mas vou ter de voltar ao teatro, porque se não fizer, qualquer dia não sei fazer”, diz, à despedida.