Jani Zhao brilha em “Aquaman”, mas insiste que não é vista como portuguesa por muitos

Fotografia: Instagram Jani Zhao

Jani Zhao, intérprete portuguesa, de ascendência asiática, que participa em “Aquaman e o Reino Perdido”, diz que o racismo é “sistémico e estrutural”.

Depois de ter defendido publicamente que é sempre vista por alguns como “uma estrangeira” no nosso país – apesar de ser portuguesa, com ascendência chinesa -, Jani Zhao reforça a sua posição em conversa com a N-TV a propósito da participação no filme “Aquaman e o Reino Perdido”, no qual interpreta a personagem “Stingray”.

“Apesar de ter sido uma experiência extraordinária, foi mais um trabalho. É preciso ganhar coragem e dizer as coisas pelos nomes e sem floreados ou romantismos: o racismo é sistémico e é estrutural”, refere Jani Zhao, que acrescenta. “Isto de eu ser portuguesa, ser de primeira geração e ter nascido cá, faz-me portuguesa tal como as outras pessoas. Mas, aos olhos de portugueses que se dizem de ‘bem’ não sou vista como tal”, sublinha.

“Esse reconhecimento que as pessoas falam existe, dos meus pares, de mim própria, porque com trabalho, determinação, convicção e muita esperança é possível. A meritocracia é real”, afirma a intérprete. “Se há reconhecimento assim notável… não. Mas nunca me iludi sobre isso. O abrir portas é muito subjetivo, porque a nossa profissão, como tantas outras, é muito instável. Não tenho nem ilusões nem encantos, tenho os pés bem assentes na terra, não gosto de me enganar a mim própria e depois já sei quais são as regras do jogo”, garante.

Jani Zhao conseguiu o papel depois de ter estado no programa “Passaporte”, que organiza “castings” internacionais, e resume que “tudo isto foi uma experiência inacreditável”. Mas nota: “O pormenor da ‘Stingray’ falar português é absolutamente determinante. Sinceramente, se fosse com um par, um colega de profissão, se calhar a reação e a atitude teria sido outra, mas está tudo bem, não faz mal, cá estarei para reconstruir um bocado o nosso espaço na sociedade, nas artes e na cultura portuguesa”.

Sobre a o tema das minorias, “não é só cá em Portugal, lá fora também está muito pantanoso, mas a verdade é que há uma evolução notória”, assume Jani Zhao.