Plural celebra 30 anos com aposta na internacionalização

Piet-Hein Bakker

Produtora de novelas quer continuar a vender para o estrangeiro e começar a criar conteúdos para o mercado internacional. “Streaming” vai ser o futuro, diz o diretor-geral.

A produtora de novelas Plural Entertainment está a celebrar 30 anos de atividade. Fornecedora de ficção da TVI há três décadas, com produtos como “Jardins Proibidos”, “Anjo Selvagem”, “Ninguém como Tu”, “Equador” ou “Morangos com Açúcar”, a empresa, que nasceu a partir da NBP, criada por Nicolau Breyner, venceu dois Emmys Internacionais, com “Meu Amor”, em 2010, e “Ouro Verde”, 2018.

Hoje, tem estúdios em Bucelas, num extenso parque verde a 25 quilómetros de Lisboa, e alberga, mais recentemente, os programas de “day time” da TVI “Dois às 10” e “Goucha” e o formato dos fins de semana da estação “Em Família”.

Há anos que a empresa vende novelas e outros produtos de ficção para o estrangeiro, uma tendência que é para continuar, mas a aposta vai agora para a criação de conteúdos próprios para outros países, como admite o diretor-geral da Plural, Piet-Hein Bakker, em entrevista à N-TV.

“A Plural do futuro passa pela internacionalização. É uma das nossas bandeiras, porque queremos evoluir em Portugal e lá fora”, afirma. “Internacionalizar o que está feito já acontece e é gerido pela TVI: as novelas são vendidas para mais de 125 países. O que não existe ainda é produção ou co-produção de projetos com uma ambição para serem inseridos numa plataforma de ‘streaming’ ou em canais estrangeiros. Queremos chegar a uma qualidade em Portugal que, com os orçamentos que temos, às vezes é difícil”, acrescenta.

“Podem ser coisas independentes diretamente criadas para uma plataforma ou projetos transmitidos na TVI e numa plataforma. A ‘Casa de Papel’ começou a ser transmitida em Espanha por um canal local e só depois a Netflix pegou. Há uma panóplia de modelos que queremos explorar”, garante Piet-Hein Bakker.

O comunicador holandês destaca a localização dos estúdios, longe da confusão de Lisboa. “Tantos atores e criativos todos juntos, um pouco isolados do resto do mundo porque aqui, em Bucelas, estamos com os passarinhos e temos o nosso canto e é espetacular”.

Há poucos meses na produtora, o homem que, com José Eduardo Moniz, trouxe para Portugal o “Big Brother”, lembra a sua estreia na ficção. “Na Plural nunca tinha estado. Fiz ficção, mas foi no meu passado, o ‘Médico de Família’, por exemplo, nos anos 90. Todas as empresas são diferentes, mas acabam por ter uma familiaridade e este mundo não é assim tão grande e acabámos por nos conhecer ao longo dos anos. Aqui a resiliência é a chave porque fazer televisão é um prazer, mas também é muito duro. Gosto de gerir muitas pessoas e o equilíbrio entre a qualidade e a produtividade”, remata o diretor-geral da Plural.

Lembra-se de “Anjo Selvagem”?

Entre 2001 e 2003 a TVI exibiu uma série – que, pela longa duração, se tornou numa novela -, chamada “Anjo Selvagem”. Protagonizada por Paula Neves (a “trinca-espinhas” da trama) e José Carlos Pereira, foi um sucesso de audiências, com um dos episódios a ser transmitido em direto.

Os atores lembram, agora, esses tempos de mudança. “Foi a primeira novela do Zeca. O ‘Anjo’ foi a loucura de um elenco muito curto estar non-stop. Era um elenco de série, um original argentino. Os últimos 100 episódios já foram escritos por portugueses porque se esgotou o original”, lembra Paula Neves.

José Carlos Pereira Paula Neves

“Acho que a história é intemporal, os avós vêm com os netos e os pais são apanhados naquilo. Depois há uma leveza e humor, mas também um lado emocional, de sentimentos, e acho que é sempre cativante”, prossegue.

Na Plural há 22 anos, José Carlos Pereira elogia a série. “Entrei para aqui com 20 anos. Cresci aqui mais do que em casa. O ‘Anjo’ marcou-me por ter sido o meu primeiro projeto e pela duração. Foi, sem dúvida, uma grande escola para mim”, refere o ator.