Polémico “chumbo” do Provedor do Espetador da RTP: candidato questionado se conseguia trabalhar a partir do Porto

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Fotografia: Reprodução RTP

Poucos dias depois do “chumbo” de José Alberto Lemos para Provedor do Espetador da RTP, o Conselho de Opinião (CO) da estação deu a conhecer a fundamentação, que o jornalista refuta. Conselheiro quis saber se José Alberto Lemos conseguia trabalhar a partir do Porto. Administração não se conforma e está a analisar.

O “chumbo” do nome do jornalista José Alberto Lemos para assumir o cargo de Provedor do Espetador da RTP ganhou novos contornos de polémica: é que além da carreira longa e intocável – durante a qual desempenhou vários cargos de direção, entre eles na redação da SIC, no Porto, além de ainda ter fundado o jornal “Público” e colaborado com a Rádio Renascença -, junta-se agora uma pergunta de um Conselheiro do CO que gerou mal-estar e perplexidade na sala. A N-TV sabe que, a determinada altura, José Alberto Lemos foi questionado se o exercício do cargo de Provedor do Telespetador da RTP poderia ser feito a partir do Porto, cidade de onde é natural, um assunto sobre o qual o profissional não se quis pronunciar.

Fonte da RTP, ouvida pela N-TV, garante que José Alberto Lemos é um “dano colateral” numa “guerra” há muito instalada entre o presidente do CO, Manuel Coelho da Silva, e Gonçalo Reis, presidente da administração da RTP, pelas alegadas “aspirações à presidência da estação” por parte do primeiro.

A mesma fonte recorre aos estatutos da empresa e lembra o Capítulo V, dedicado aos Provedores, em que pode ler-se que “são designados de entre personalidades de reconhecido mérito profissional, credibilidade e integridade pessoal, cuja atividade nos últimos cinco anos tenha sido exercida na área da comunicação”. A mesma fonte justifica que “como se pode notar, o CO extravasa o que diz a Lei”.

José Alberto Lemos – um histórico da RTP, com 18 anos de Imprensa e 13 de televisão e que foi o nome indicado pelo presidente da RTP ao cargo -, aceitou responder a alguns dos pontos do “chumbo” tornado público na passada terça-feira e no qual se registaram 12 votos contra, oito a favor e três brancos.

Entre os pontos 14 e 20 do documento enviado pelo CO a Gonçalo Reis são descritos os motivos para a rejeição de José Alberto Lemos e o jornalista começa por destacar o ponto 14: “Onde se lê a minha incidência nas matérias de informação, bem, eu sou jornalista, e são estes os temas que mais chegam ao provedor. É um absurdo!”.

Em relação ao ponto 16, na distinção entre as estações privadas e a RTP: “Referi que, ao contrário da estação pública, que tem documentários, por exemplo, à noite as outras estações só têm um telejornal e o resto são telenovelas”, destaca.

“Quanto ao ponto 17, reflexão sobre os Centros Regionais dos Açores e da Madeira, informei que foi no meu tempo que começou um jornal de regiões contínuo, que ainda dura”, diz ainda.

José Alberto Lemos lamenta, particularmente, o derradeiro ponto do documento, que fala em “Acomodação”: “Há uma falsidade na fundamentação quando usam a palavra ‘Acomodação’ e dizem que não realcei a importância da autocrítica na empresa: na minha intervenção inicial falei, precisamente, na cultura de autocrítica que tanta falta faz e também na necessidade de combater atitudes corporativistas dentro da empresa”.

Ao final da tarde, a administração da RTP reagiu ao “chumbo”, numa nota enviada à N-TV: “Foi com enorme surpresa que a administração da RTP recebeu o parecer desfavorável do CO ao nome indigitado para Provedor de Televisão. Achamos incompreensível: José Alberto Lemos cumpre largamente todos os critérios definidos no Estatuto da RTP para ser provedor: mérito profissional, credibilidade e integridade pessoal e experiência na área de comunicação nos últimos cinco anos. É um excelente jornalista, com experiência relevante em televisão, rádio e imprensa, em Portugal e no estrangeiro, na RTP e em outras instituições de referência. Não nos conformamos com esta posição do Conselho de Opinião, estamos a analisar com cuidado o parecer, para definir próximos passos”, refere a administração da RTP.