Rock in Rio Lisboa: os Duran Duran… duram e duram e duram

Fotografia: Rita Chantre/Global Imagens

A banda inglesa terminou a noite do Rock in Rio Lisboa com os maiores êxitos, alguns com 40 anos, e continua a ter no vocalista Simon Le Bon um “frontman” com uma energia inesgotável.

A plateia junto ao Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa já estava composta quando uma dúvida assaltou dois amigos na casa dos 50 anos: ele, antigo emigrante na Suíça, ia comprar discos dos Duran Duran à Holanda porque os LP’s só chegaram mais tarde a Lisboa, a uma pequena loja dos Restauradores que os seus cabelos brancos já não o ajudavam a lembrar. Ora, o espaço chamava-se “Bimotor” e foi essa a metáfora da banda britânica na noite deste sábado no Parque da Bela Vista: um avião antigo, restaurado mas fiável, com músicos de excelência para lá dos 60 anos mas a um ritmo frenético.

O espetáculo começou eletrizante, com o tema “Wild Boys” a conquistar, de imediato, a plateia. De casaco branco e calças prateadas, Simon Le Bon empolgou-se, chegou perto da audiência, ao lado do baixista John Taylor. Seguiram-se, num ápice, outros êxitos, como “A View to a Kill”, um dos temas da saga de “James Bond” e “The Union of The Snake”.

“Come Undone” catapultou a banda para os temas mais calmos, com Nick Rhodes a brilhar nas teclas e a filmar a multidão e Roger Andrew Taylor na bateria. De seguida ouviram-se temas mais recentes do novo álbum, “Future Past”, até regressarem os êxitos antigos como “Save a Prayer”.

Em resumo, um concerto nostálgico e do agrado dos milhares de fãs com “t-shirts” com o nome da banda estampada e que recordaram o concerto em Portugal em outubro de 1982, no antigo Pavilhão Dramático de Cascais. Porque eles estão para durar…

Dia para maiores de 40

Depois da noite do rock, com Muse ou Xutos e Pontapés e do dia dedicado aos mais jovens, com Black Eyed Peas e David Carreira, no último fim de semana, o Rock in Rio Lisboa recebeu ontem festivaleiros de meia idade, nostálgicos dos anos 80 e 90. Para “matar” saudades dos tempos de há 40 ou 30 anos, o Parque da Bela Vista deu as boas-vindas a outras bandas do século passado, mas que ainda dão cartas em 2022: Bush, UB40 e A-Ha.

Pouco passava das nove da noite quando a formação norueguesa de “new wave” e “pop rock”, nascida na cidade de Oslo, em 1982, subiu ao Palco Mundo. Os músicos, que alcançaram sucesso mundial nos anos 80, rapidamente mostraram ao que vieram e conquistaram a audiência com um “boa noite Lisboa, tudo bem?”. Alguns dos maiores êxitos como “Take on Me” não foram esquecidos e se em Liam Gallagher rebentaram duas tochas e em Ivete Sangalo sobressaíram as bandeiras brasileiras, ontem à noite foi a vez de uma(!) bandeira da Noruega se destacar entre a imensa multidão. As hostilidades foram abertas com os membros do grupo com óculos de sol, já a tarde se tinha posto. Até ao fim ouviu se “pop” electrónico, com o piano em destaque, a lembrar os “eighties”.

Ainda era de dia quando os UB40 se apresentaram. A banda britânica com influências do “reggae” e “pop”, formada em 1978, na cidade de Birmingham, mostrou ter uma legião de adeptos em Portugal. Ali Campbell, o convidado da tarde, continua, aos 63 anos, com um alcance vocal assinalável. A audiência dançou ao som do “reggae2 durante uma hora, embalada pelos sons do grupo e, ao contrário do que tinha acontecido nas tardes do fim de semana anterior, o recinto encheu, com 70 mil a vibrar com a interpretação de “Purple Rain”, de Prince, uma das músicas mais celebradas.

Os grandes êxitos dos UB40 ficaram para o fim da tarde, entre eles “Cant Help Falling in Love” ou “Red Wine”.

O fim do concerto coincidiu com a entrada de Ney Matogrosso no Galp Music Valey. A exuberância e performance do artista brasileiro levou vários milhares ao local, que se desviaram do palco principal do Rock in Rio Lisboa.

Às cinco da tarde tinham entrado na Bela Vista os Bush. Banda “grunge” formada em 1992 em Inglaterra e que vendeu milhões de álbuns… nos Estados Unidos, terminaram em 2002, mas voltaram em 2010, com Gavin Rossdale, como “frontman”, Chris Treynor na guitarra, Corey Britz no baixo e Nick Hughes bateria. Sem as camisas de flanela que celebraram, também, os Nirvana ou os Pearl Jam, há 30 anos, o vocalista desceu mesmo do palco e juntou se ao público ao agarrar várias mãos de fãs em êxtase, enquanto celebrava as centenas de t shirts que notou “com o nome da banda”. “Último espetáculo na Europa e que maneira de terminar”, atirou Gavin, com uma cerveja portuguesa na mão. O público aplaudiu mas notou que o concerto teve menos de uma hora de duração. Soube a pouco, porque o “grunge” esteve em alta. “São ingleses e não estão habituados a este sol”, brincava-se nas primeiras filas. Verdade ao não, minutos depois começava, no Galp Music Valey, o concerto de António Zambujo. A organização não quis sobrepor atuações e o espetáculo do cantor português foi transmitido em direto nos ecrãs gigantes do Palco Mundo, para entretenimento de quem já marcava o lugar para os UB40.

Pelo Galp Music Valey passaram ainda os Delfins e, a encerrar a noite, José Cid. Os artistas foram uma alternativa aos cabeças de cartaz do Palco Mundo e puseram os espectadores a cantar e a dançar os grandes êxitos… em português.