Marrocos na Eurovisão, uma música de 24 palavras, um beijo que chocou o mundo e outras curiosidades

Em seis décadas do Festival Eurovisão da Canção já houve de tudo: grandes e pequenas canções; baladas e hard rock, novos e velhos, muitas trocas e baldrocas, alguns escândalos e curiosidades que nem imagina. Fomos em busca delas.

Se há quem ache estranho ver a Austrália e Israel na Eurovisão, não sendo países europeus, acredite que há curiosidades ainda mais espantosas nestes quase 62 anos de Festival. Mas já lá vamos.

Primeiro, acabemos com as dúvidas. Israel participa no concurso internacional desde 1973. E porquê, se não é um país europeu? Porque é membro da União Europeia de Radiodifusão (UER, ou EBU, como mais recentemente se lê, sigla da nomenclatura anglo-saxónica da organização – European Broadcasting Union) desde 1957. Nessa qualidade, já participou em 40 edições do Festival Eurovisão da Canção, tendo vencido três delas, em 1978, 79 e 98. Segundo a bolsa de apostas deste ano, é, neste momento, a mais séria candidata à vitória em Lisboa.

O caso da Austrália é diferente. Em 2015, para comemorar os 60 anos do Festival, a UER convidou este país para participar no concurso. Por duas razões: em primeiro lugar, pelo elevado número de fãs do certame naquele país da Oceânia. Em segundo lugar porque o operador público australiano, a SBS, tem uma longa história na transmissão do Festival. Aquilo que era suposto ser um convite único, em 2015, acabou por se tornar definitivo: a Austrália voltou em 2016 e 2017. E estará entre nós em 2018.

E agora as 10 curiosidades prometidas

Clique nas setas, percorra as fotos e vídeos e descubra muitos factos que provavelmente desconhecia. Nós também. Até fazermos o trabalho de casa.

TEXTO: Nuno Azinheira

A primeira canção de sempre do Festival

“De vogels van Holland” foi a primeira canção de sempre do Festival Eurovisão da Canção. Foi em 1956, a primeira edição do concurso. Jetty Paerl foi a primeira a subir ao palco para cantar. E assim ficou na história. Oiça a música.

O cantor número 1000




Brian Kennedy também ficou na história em 2016. Ele foi o cantor número 1000 a atuar no palco da Eurovisão. O intérprete, que tem duetos com Van Morrison no seu currículo, ficou em décimo lugar com a canção “Every Song Is a Cry For Love”.

Marrocos participou no Festival. Ficou em penúltimo




Sim, é verdade. Marrocos também chegou a participar na Eurovisão. Foi em 1980 e Samira Bensaid, que tem hoje uma grande carreira no seu país, com mais de 30 álbuns lançados, cantou “Bitagat Khub”. Foi a primeira vez que o idioma árabe foi ouvido na Eurovisão, segundo o site oficial. A canção ficou em penúltimo lugar (18.º) e apenas recebeu pontos, sete, da Itália.

Chegam 24 palavras para vencer? Chegam

Já sabíamos que não é só a letra que faz uma grande canção. Mas em 1995 a Noruega fez questão de confirmar a ideia: a sua música, “Nocturne”, ganhou o certame e tinha uma particularidade: a letra era composta por apenas 24 palavras. Acompanhadas por longos solos de violino. O público ficou rendido.

Sabe de quem é o recorde de pontos? Sim, é nosso!

Pois é verdade. Não só entrámos na história, em 2017, com a primeira vitória na Eurovisão, como entrámos na história da competição com o recorde de pontos obtidos por uma só canção. “Amar pelos Dois”, escrita por Luísa Sobral e cantada por Salvador Sobral, obteve 758 pontos. Nunca alguém tinha recebido tanto ponto. Todos os países deram votos a Portugal: os mais forretas foram a Itália e a Dinamarca, que deram 5 pontos. No topo da lista, 12 países, entre eles os nossos vizinhos espanhóis, atribuíram a pontuação máxima a Salvador.

Conflito Ucrânia-Rússia faz uma vítima musical




Chama-se Yulia Samoylova e era a representante da Rússia no ano passado no Festival Eurovisão da Canção que se realizou em Kiev, na vizinha Ucrânia. Devido aos problemas políticos entre os dois países, e porque a artista já tinha atuado na Crimeia, a sua participação foi vetada em Kiev e a Rússia desistiu. O mundo vai, porém, poder ver a artista russa, já que será ela a representante do país este ano em Lisboa, conforme já lhe contámos aqui.

Quando foi a primeira Eurovisão a cores?




Foi Espanha que ganhou o primeiro Festival Eurovisão da Canção transmitido a cores. Foi em 1968 e decorreu no Royal Albert Hall, em Londres. Porém, só a França, a então RFA (Alemanha Ocidental), Holanda, Suécia e Reino Unido é que conseguiram ver a emissão a cores. Portugal teria de esperar até 7 de março de 1980, dia de aniversário da RTP em que se estrearam as emissões regulares a cores, com a transmissão do Festival RTP da Canção.

Cinco vitórias do Luxemburgo e… nenhum luxemburguês




Quatro franceses e uma cantora grega (Vicky Leandros, 1972, com a canção “Après Toi”) deram ao Luxemburgo as suas cinco vitórias no Festival Eurovisão da Canção (1961, 1965, 1972, 1973 e 1983). A última participação do Luxemburgo foi em 1993.

Cantar sem sapatos… dá sorte

A dinamarquesa Emmelie De Forest, em 2013, foi o mais recente caso, com a canção “OnlyTeadrops”, a vencer um Festival Eurovisão da Canção descalça. Mas não foi a única. Sandie Shaw (1967), pelo Reino Unido, Sertab Erener (2003), pela Turquia, Dima Bilan (2008), pela Rússia, e Loreen (2012), pela Suécia, foram os outros concorrentes vitoriosos.

11 segundos de beijo polémico




É considerado o primeiro escândalo da Eurovisão e ocorreu no já longínquo ano de 1957. No Festival desse ano, que se realizou em Frankfurt, a Dinamarca estreou-se na competição. E a sua canção, “Skibetskalsejleinat”, interpretada por BirtheWilke e GustavWinckler terminou com estrondo: um apaixonado e ousado (para a época) beijo de 11 segundos no final da música. A reação foi estridente, com muitas críticas do público e dos espectadores.