O ator norte-americano, de 78 anos, quer erradicar as “práticas” de abusos sexuais em Hollywood que têm vindo a ser tornadas públicas nos últimos três meses. Mas não retira responsabilidade às mulheres.
“Quando eu comecei a atuar no início dos anos 1960, o diretor de teatro no qual eu trabalhava mostrava-me fotografias que recebia de mulheres que queriam trabalhos”, disse Ian McKellen, estrela de “O Senhor dos Anéis”, de Peter Jackson, no papel de Gandalf. “As mensagens delas eram sobre oferecerem-se para fazer sexo com os realizadores se ganhassem papéis [em filmes]”, disse o ator, de 78 anos.
McKellen responsabiliza assim, também, as mulheres de casos de assédio sexual, referindo-se às acusações que nos últimos meses têm sido tornadas públicas e que apontam o dedo a várias estrelas da meca do entretenimento norte-americano.
“Houve quem tirasse proveito disso”, acrescentou. “Havia até quem encorajasse [essas atitudes] e nunca foi feito nada”, frisou o intérprete, que acredita que “haverá pessoas que estão a ser injustamente acusadas” de abusos sexuais.
Ian McKellen espera, no entanto, que o escândalo que abala atualmente Hollywood seja “um período que ajudará a erradicar essas práticas”. “As pessoas devem ser expostas e pode ser muito difícil para a vítima fazer isso”, opinou.
No sábado passado, o ator esteve no “The Graham Norton Show”, da BBC One, e admitiu que gostaria de voltar a vestir a pele de Gandalf, desta vez na adaptação à TV, pela Amazon, da trilogia de J. R. R. Tolkien.
“Ainda não disse que sim porque ainda não me perguntaram. Mas está a sugerir que outra pessoa vai interpretá-lo? Gandalf tem mais de sete mil anos, por isso não sou demasiado velho”, sublinhou ao apresentador.
TEXTO: Ana Filipe Silveira
