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“Abaixo da Cintura”: a peça que está a dar que falar em exibição nos últimos dias na Amadora

Fotografias: José Frade

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André Nunes, João Saboga e Victor Santos interpretam “Abaixo da Cintura”, uma peça de Richard Dresser com encenação de Jorge Silva nos Recreios da Amadora.

Três homens trabalham como controladores para uma misteriosa multinacional, num país distante e desconhecido. Para alcançarem o poder lutam entre si, utilizando, como no boxe, golpes baixos, em relações com mesquinhez e traição mas, simultaneamente, fraternidade e solidariedade. Está dado o mote para a comédia negra “Abaixo da Cintura”, de Richard Dresser, com interpretações de André Nunes, João Saboga e Victor Santos e encenação de Jorge Silva e que ainda pode ver até este domingo nos Recreios da Amadora. A peça tem recebido o reconhecimento do público e da crítica e a N-TV esteve com o Teatro dos Aloés a ouvir os protagonistas.

“Estamos num complexo industrial, ou numa prisão, ou será um manicómio?”, questiona André Nunes sobre o cenário montado no palco dos Recreios da Amadora. “Poderá ser uma metáfora para algumas coisas”, acrescenta o ator, que, recentemente, acabou de gravar a novela “Bem me Quer” para a TVI.

“Entusiasmei-me com o espetáculo porque ele tem um nonsense e um ritmo de escrita e comicidade que me agradou, além da atualidade da temática: as relações entre estes três controladores de uma multinacional que labora num país que não se sabe onde é e produz não se sabe o quê. São relações tensas de poder”, refere o encenador.

“Ao longo destes 21 anos de trabalho temos um público da Amadora e isso agrada-nos imenso. Não é exclusivo da cidade, porque muita gente vem de outras localidades, mas criámos esse público e isso é bom. Acho que não estamos a defraudar as expetativas”, acrescenta Jorge Silva.

“O público vai ver lutas de poder, de antiguidade. São três cães a tentar safar-se na vida, longe da família. O trabalho é uma obsessão, porque eles estão isolados do resto do mundo. Esta é uma peça representada em 2001 e nós não vamos fazer a mesma peça porque o mundo modificou-se e a perceção da peça vai-se modificar conforme se vai andando no tempo”, salienta João Saboga.

André Nunes representa o papel de um novato. “A minha personagem tem mudanças engraçadas. É um maçarico e fazem-lhe a vida negra e ele vai ter de batalhar. O Jorge já me tinha falado disto há algum tempo e quando avançámos foi uma alegria. Mal li o texto fiquei logo apaixonado pelo nonsense. Acho que o texto tem um bocadinho de Monty Python e de absurdo e profundo, o que é uma mistura apaixonante, porque são dois registos que eu adoro”.

A peça é o retrato da vida real. “Isto passa-se na verdade num escritório ou numa tipografia. Estas hierarquias estão bem patentes, mas esta é, também, uma peça sobre a amizade e não se pense que são só três filhos da mãe que lutam entre eles. É que eles só se têm a eles e acabam por perceber isso”, explica Jorge Silva.

O cenário, algo apocalíptico, “pode ser muita coisa”, garante o encenador. “Espero que as pessoas, quando saiam da sala, se questionem se é uma prisão, um hospital, um complexo industrial, uma fábrica?” “Pode ser o purgatório”, acrescenta André Nunes.