João Soares passou, sozinho, as mais recentes férias, as primeiras sem Maria João Abreu, que não resistiu a um aneurisma.
“Pequenas excepções que a normalidade da vida por vezes nos oferece…” Foi com esta frase que João Soares definiu as primeiras férias, em muitos anos, sem a mulher, Maria João Abreu. O músico descansou sozinho e, a seguir, refugiou-se no amor dos dois “netos”.
“Creio que todos nós temos âncoras na vida. Âncoras que nos agarram a ela. Que nos fazem aguentar tudo. A lutar contra todos. A encontrar forças onde nem sabemos que ela existe. A superar-nos. A elevar-nos. Desde o dia em que nasceram, estes dois são âncoras minhas. Por eles, vale tudo! Faço tudo! O que posso e o que não posso. O que consigo, e o que não pensava conseguir. Tudo!”, resumiu.
“Não são do meu sangue. Nem da minha carne. E nem usam o meu nome. São os meus netos. Que eu amo. Oh, como amo!… E que não amaria mais, ainda que no seu corpo lhes corresse o meu sangue, comungassem da minha carne ou que partilhassem o meu apelido. Que não consigo não amar. Que amei todos os dias desde que nasceram. E que irei amar até deixar de ser. Até me extinguir. E depois disso também, se possível for. Hoje, mais do que ontem. Amanhã, mais do que hoje”.
“Este é um amor que não se explica. Sente-se. Pela verdade. E intensidade. Tal como alguns outros que nos surpreendem no decurso da vida”, acrescentou João Soares.
“Meus netos, meus amores, repito-me e repetir-me-ei sempre, por ser verdade: que o mundo vos sorria. Que a dor vos seja poupada. E a felicidade merecida.
E obrigado por me deixarem ser avô. Vosso”, rematou o guitarrista.