Jorge Gabriel em exclusivo à N-TV: “As pessoas estão fartas da guerra entre as privadas”

O apresentador da RTP está feliz com a subida de audiências da “Praça da Alegria”, e diz que a TVI não “soube gerir a saída de Cristina Ferreira para a SIC”.

Jorge Gabriel acredita que o crescimento do programa da manhã da RTP1 “não é por acaso”, mas sim “o reflexo do trabalho que tem sido feito há muito tempo” e da “guerrilha entre TVI e SIC”.

Na última semana, a “Praça da Alegria” aproximou-se como nunca do “Você na TV!”, chegando a bater a concorrência direta na terça-feira. Com Cristina Ferreira “num outro campeonato”, como reconhece Jorge Gabriel, o objetivo é “continuar a trabalhar para dar aos espectadores o melhor programa possível”.

De acordo com os dados da GfK, que mede o consumo oficial de televisão em Portugal, a concorrência entre TVI e RTP1 nunca esteve tão forte de manhã. Na última semana, o “Você na TV!” fez em média 228 mil espectadores (16,8% de quota de mercado), apenas mais 30 mil (15% de share) do que a “Praça da Alegria”.

Uma aproximação meteórica nas últimas duas semanas, até porque na média do ano, Manuel Luís Goucha e Maria Cerqueira Gomes ainda estão comodamente instalados no segundo lugar (260 mil espectadores e 18,6% de share), à frente de Jorge Gabriel e Sónia Araújo (159 mil espectadores e 11,5% de quota de mercado). Ambos muito atrás dos 432 mil espectadores (31,2% de quota) de Cristina Ferreira.

Mas, afinal, o que está na origem desta surpreendente aproximação dos últimos tempos? Em exclusivo à N-TV, Jorge Gabriel, 51 anos, apresenta a sua visão.

“O que está a acontecer é que as pessoas estão fartas da guerra entre as privadas. E tiveram curiosidade para vir saber o que nós fazemos na RTP1 há muitos anos. Tiveram curiosidade, viram e gostaram”, afirma, acrescentando que o concurso “Cantares ao Desafio”, lançado em abril na última hora do programa, foi um “importante contributo”.

O apresentador destaca “o sucesso dos Cantares ao Desafio, quer em Portugal, quer no estrangeiro, onde tem sido uma loucura” e lembra que aposta da TVI num concurso culinário dentro do “Você na TV!” às 12h00, “é algo que a RTP1 já tinha feito fora da Praça naquele mesmo horário”.

Com 26 anos de televisão, o profissional da RTP1 diz que “as pessoas querem é bons programas, que lhes deem emoções, não querem saber de piropos entre apresentadores, nem de guerras entre canais”. E acredita que a TVI está a pagar uma fatura alta pelo que fez depois de saída de Cristina Ferreira da estação.

“O impacto da Cristina na SIC era o esperado, até porque ela é um fenómeno da última década. Era natural que assim fosse na SIC, ainda por cima porque o Daniel [Oliveira] está a aproveitar muito bem essa mudanças. Mas a TVI empolou muito esse sucesso”, afirma ao nosso site.

Jorge Gabriel sublinha que “o público percebeu mal aquela decisão da TVI de impedir a Cristina Ferreira de começar na SIC antes que o seu contrato chegasse ao fim”. “Uma coisa é exibir os programas que já estavam gravados, isso é uma decisão de gestão. Outra coisa é obrigá-la a cumprir o contrato todo. Foi mais reativo do que proativo”.

Por isso, o comunicador não tem dúvidas em considerar que “a TVI geriu mal essa saída, porque aos olhos do público cheirou a retaliação. Está a pagar as consequências e a SIC está a beneficiar com isso. Eles ganharam essa batalha”.

“Não raramente, as saídas das grandes estrelas para a concorrência são penalizadoras no imediato, porque os espectadores são fieis aos seus canais. Portanto, aquilo que até podia ter sido considerado como um como um ato de ingratidão da Cristina para a TVI, acabou por ser entendido como um ato de vingança da TVI para a Cristina. O público não é tonto”, justifica à N-TV.

AUDIÊNCIAS?
“É ISSO QUE NOS ALEGRA,
MAS NÃO É ISSO QUE NOS MOVE”

O apresentador, que divide a condução do programa com Sónia Araújo, acredita que o público vai continuar a corresponder. “Não vou ser hipócrita. Quem cria televisão, quem vive na televisão, não pode negar que prefere ter mais público. Portanto, nós também queremos continuar a crescer nas audiências. É isso que nos alegra, mas não é isso que nos move”, garante.

O objetivo continua bem definido: “queremos continuar a fazer aquilo que o José Fragoso e a direção de programas nos incumbiram de fazer: atrair os portugueses para outros assuntos e conteúdos de serviço público e mostrar que há uma forma alternativa de fazer entretenimento”, conclui à N-TV.

TEXTO: Nuno Azinheira

 

 

 

 

 

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