Tragédia iminente: cantora Maria Vasconcelos e família quase morreram intoxicados

Fotografias: Instagram Maria Vasconcelos

O drama é contado na primeira pessoa: a cantora Maria Vasconcelos e a família estiveram em risco de perder a vida na semana passada por intoxicação de dióxido de carbono.

A tragédia esteve iminente na família da cantora Maria Vasconcelos, antiga animadora da Rádio Comercial e, atualmente, mais conhecida pela interpretação de músicas infantis, sobretudo no Canal Panda, com “As Canções da Maria”. Nas redes sociais, a intérprete recorda como podia ter perdido a vida ao lado do marido e das duas filhas, por intoxicação de monóxido de carbono.

“No fim de semana passado tivemos uma intoxicação por Monóxido de Carbono e não morremos por milagre”, começa por contar Maria Vasconcelos no Facebook.
“Tínhamos uma caldeira há 17 anos, para aquecer a água e para o aquecimento central.
Avariou e venderam-nos uma nova que foi instalada no final de outubro. No dia 4 de dezembro deixou de funcionar e esteve desligada durante uma semana. Mandaram-nos um técnico na sexta-feira 11, à tarde, que deixou a caldeira a trabalhar”, acrescentou.
“À noite comecei com dores de cabeça, uma discreta tontura e taquicárdia para pequenos esforços. Estranhei, não tenho nada disto, nunca, mas achei que estava muito cansada.
No dia seguinte, os sintomas foram-se agravando, e eu sempre a pensar que estava cansada”.
“Fui para a cama às 18.30 H meia baralhada, a cabeça a explodir, o coração aos saltos e cheia de frio. Que esgotada andava eu, pensava. Não sabia mas a Mathilde e a Manon deitaram-se às 19.00 H, também convictas de que estavam a precisar de descansar. O Xavier ficou a ver uma série até às 22.30 H”, disse ainda.
“Não morremos os quatro durante essa noite, porque a Manon não aguentou de dor de cabeça e desatou aos gritos às 4 e tal da manhã. Eu só consegui acordar ao fim de muitos gritos, sacudi o Xavier, que foi ver o que se passava. Caiu cinco vezes nas escadas e ficou no chão do quarto da Manon. Escavacou-se todo do lado esquerdo e fez uma lesão do joelho com muita dificuldade em andar”.
“A Manon desceu aos trambolhões até ao chão do nosso quarto. Eu levantei-me, caí e já não saí do chão. Gritámos pela Mathilde que veio no mesmo estado e o Xavier lá conseguiu descer as escadas. Consegui pegar no telefone, mas não sabia o que fazer com ele, estava tão obnubilada que não me ocorria sequer a palavra INEM, e se me perguntassem naquela altura qual era o número, não me lembrava”.
A família estava, então, caída no chão. “Não conseguia ver bem, mas sabia que tinha uma chamada da véspera, não atendida de uma grande amiga nossa, a meio do ecrã e carreguei, meio ao calhas, e ela atendeu. E foi ela, a Mariana, quem ligou ao INEM.
O INEM ligou-me e disse-me que devia ser uma intoxicação: a caldeira, monóxido de carbono”, apercebeu-se Maria Vasconcelos.
A cantora acabou por conseguir salvar toda a família: “Não sei onde fui buscar força mas consegui arrastar-me até à varanda, abrir a porta, a portada e deitar-me lá para fora, aos gritos para que eles abrissem também o que pudessem. O Bartolomeu, marido da Mariana, veio a voar para cá, mas não sabíamos se conseguíamos abrir o portão. A Mathilde tentava, mas não percebia nada dos botões, e acabou por ir lá para fora com um comando, e cair depois de conseguir abrir. A Manon vomitava”.
“O Bartolomeu entrou e abriu tudo. Diz que continua com pesadelos a ver-nos todos caídos. A Mariana falava vezes sem conta com o INEM e rezava. Veio o INEM, os Bombeiros, a Polícia. Levaram-nos para o S. Francisco Xavier, onde o chefe de equipa já tinha passado pelo mesmo. Os nossos níveis de carboxihemoglobina eram muito altos, de grande risco, os das meninas um pouco menos porque estavam no andar de cima, os do Xav um pouco piores do que os meus porque ele ficara mais tempo lá em baixo na véspera”.
A família foi, então, transportada para o Hospital Militar. “Mandaram-nos para uma câmara hiperbárica com oxigénio a uma pressão não sei quantas vezes superiores ao normal inspirado, durante 1h40. Vimos um filme e saímos de lá como novos. Foi um MILAGRE.
Foi um MILAGRE a Manon ter desatado aos gritos. Salvou-nos. Foi um MILAGRE a Mariana atender. Salvou-nos”.
Maria Vasconcelos lembrou, em seguida, outro “susto” com mais de uma década: “Há 11 anos, precisamente, eu não morri por um triz. Uma paragem respiratória devido a um fungo altamente patogénico e na maior parte das vezes letal que viveu nos meus pulmões durante cinco anos, sempre a fazer-me mal, e que ninguém conhecia à excepção do Dr. Pedro Mata que o descobriu passados meses deste incidente. Já contei a história outras vezes. 19 de dezembro foi o Dia em que Sobrevivi”.
A intérprete chama, finalmente, a atenção: “O Monóxido de Carbono é inodoro. Estes acidentes são frequentes, muito frequentes, com caldeiras, esquentadores, lareiras, braseiros. São muitas vezes FATAIS. Adormece-se e não se acorda. Conto-vos tudo isto porque há detetores de Monóxido de Carbono, aos mais variados preços. Deviam ser obrigatórios. Em alguns países são”.