“Depois do Crime” estreia-se na RTP e faz radiografia aos homicídios do passado

RTP
Fotografias: Instagram Rita Marrafa de Carvalho
A RTP exibe esta noite o primeiro episódio da nova série documental a seguir ao “Telejornal”. Rita Marrafa de Carvalho regressa aos homicídios do passado, mas que ainda têm muito que contar.
É já esta noite, após o “Telejornal”, que a RTP1 estreia o primeiro episódio de “Depois do Crime”, uma série documental da jornalista Rita Marrafa de Carvalho que, mais do que reviver alguns dos homicídios mais mediáticos – como o “caso” do Padre Frederico, do “Mata-Sete” ou do “Monstro de Fortaleza” -, vai mais a fundo nas investigações e acrescenta novidades.
Em entrevista à N-TV, a jornalista recorda como nasceu a ideia. “Achei sempre muito curioso o modo como nos desligávamos de temas tão mediáticos, em que tudo é explorado em detalhe, mas que com o final da cobertura, passamos a uma fase de total desconhecimento. E isso acontecia muito em situações como aquelas que envolviam crime que pertencem a uma memória coletiva… e questionava-me muito sobre a atualidade dos casos e das pessoas envolvidas”, começa por contar.
O “Depois do Crime” “tenciona regressar aos locais, às pessoas, e dar uma visão diferente porque já se passaram muitos anos, e visibilidade aos protagonistas. Quer aqueles que, na altura, não podiam fazer declarações, como inspetores da Judiciária, juízes ou médicos, como os intervenientes diretos: familiares das vítimas e os condenados pelos crimes”, acrescenta.
As reportagens foram condicionadas pela Covid-19: “O trabalho inicial de levantamento de dados e material de arquivo acabou por ditar a triagem de seis casos mas, com a pandemia, tivemos de parar durante três meses e meio, e acabámos por nos centrar em três crimes. Como tínhamos muito material recolhido, depoimentos, arquivo e novas informações, desdobrámos cada caso em dois episódios. Curiosamente, e contra as minhas expetativas, todos os casos trazem notícias”.
Em “Depois do Crime”, a presença da jornalista é “omnipresente”. “Queria um jornalista pouco presente. Que não fosse ruído. Abomino um jornalista constante que marca presença sem acrescentar informação. A história é esta e é contada pelos depoimentos de quem a viveu. Por isso, e eu conversa com a equipa, acabámos por considerar que a linguagem
documental seria o ideal. E, confesso, que fiquei muito contente com o resultado.”
O programa arranca com o Padre Frederico, que foi condenado pelo homicídio de um jovem de 15 anos. “Eu acho que é começar com o processo que mais dúvidas deixou e mais discutível, quer na investigação, quer nos procedimentos, quer no julgamento. Além disso, é aquele que acabou por ser mais desafiante na procura de depoimentos e na procura do próprio Frederico que, com tempo e espaço, acaba por revelar-se mais, por se abrir mais. É mais visceral na partilha e na análise”, remata Rita Marrafa de Carvalho.