“Paspalhos!” Feministas da Capazes arrasam novas apostas da SIC e TVI

Nem um programa escapou. A plataforma Capazes arrasou as estreias de “Quem Quer Casar com o meu Filho?” e “Quem Quer Namorar com o Agricultor?”. “A SIC pôs várias mulheres a competir para agradar a um macho. A TVI pôs várias mulheres a competir para agradar à mamã de um macho”, acusam as feministas.

Farpas em todas as direções. A plataforma feminista Capazes – cujo um dos rostos é Rita Ferro Rodrigues -, critica fortemente as estreias, este domingo, dos novos “reality shows” da SIC e da TVI.

Sob o título “Quem Quer Casar com um Paspalho?”, a cronista Catarina Corvo escreve vários parágrafos de grande acidez.

“A SIC e a TVI acharam uma ideia interessante utilizar o seu horário nobre para dizer a todas as meninas que estão em casa a assistir TV que têm de saber cozinhar para serem merecedoras de marido e, que se fugirem dos padrões acima mencionados, vão ser ridicularizadas como foram algumas das concorrentes dos programas”, começa por referir a plataforma feminista.

“A SIC e a TVI querem, como todos os machistas, que as meninas cresçam a achar que têm de se esgatanhar entre elas para obter a atenção de um Macho e que devem continuar a cingir-se ao papel de ‘lady na mesa, louca na cama…e serva na cozinha’”, continua a crónica.

Mas o arraso a “Quem Quer Namorar com o Agricultor?” (SIC) e a “Quem Quer Casar com o Meu Filho?” (TVI) não se ficam por aqui. “Estes programas apresentam as várias candidatas como se se tratassem de peças encomendadas de uma loja online em que, aquelas que preenchem os requisitos, podem ser utilizadas, enquanto que as que apresentam defeito, são recambiadas com selo de devolução. Uma vergonha”, escrevem as Capazes.

A plataforma chama a atenção, em seguida, para a palavra “machismo”: “É de lamentar que, numa época em que tanto se fala de igualdade, de movimentos de empoderamento da mulher e de luta contra o machismo, a televisão portuguesa esteja disposta a mandar tudo para escanteio em troca de audiências”.

E remete para um assunto na ordem do dia: a violência doméstica. “Quando, em menos de dois meses e meio morrem em Portugal 12 mulheres às mãos dos maridos, a SIC e a TVI vêm conspurcar ainda mais a sociedade com este machismo retrógrado de ‘o homem na poltrona, a mulher no tacho’. Tão melhor empregue tinha sido o tempo e o dinheiro a fazer um programa onde aqueles filhinhos da mamã fossem aprender a cozinhar e a lavar as próprias cuecas”.

Mas a associação Capazes não é a única a criticar os programas conduzidos por Andreia Rodrigues e Leonor Poeiras. Também a apresentadora Fernanda Freitas se revoltou contra os formatos que, recorda, acontecem apenas dois dias do 8 de março, o Dia Internacional da Mulher.

“Dois programas aparecem em simultâneo, em horário ‘nobre’, com réplicas do que toda a sociedade se propôs combater há dois dias: ideias retrógradas com mulheres a exporem-se no que parece ser um leilão de gado ou perante questionários tipificados e retirados da ‘Crónica feminina’ da futura sogra”, critica a jornalista no Facebook.

“E para os que vierem dizer que as mulheres não foram obrigadas a ir ao programa, eu sei! Têm liberdade para o fazer – o que também me enerva. Querem mesmo mudar mentalidades? Não pactuem com isto. Façam greve e desliguem os televisores”, apela Fernanda Freitas, a concluir.

TEXTO: Rui Pedro Pereira

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