Na sequência do anúncio do ministro da Comunicação Social guineense, Vítor Pereira, que comunicou a suspensão das atividades da RTP, RDP e Agência Lusa na Guiné-Bissau, a estação pública já reagiu, por intermédio de um comunicado, lamentando “profundamente” o sucedido e afirmando que tal decisão “só pode ser vista como um retrocesso”.
“A RTP lamenta profundamente a decisão de impedir os guineenses de acederem às emissões da RTP África e da RDP África”, começa por explicar a missiva enviada aos meios de comunicação social.
“Estas emissões constituem há muito uma janela da Guiné-Bissau para o mundo; são também o lugar de encontro dos povos lusófonos onde, todos os dias, sabemos uns dos outros”, adiantou a RTP em comunicado.
“Com esta decisão os guineenses veem reduzido o seu poder de escolha e o seu aceso a uma informação e programação feita com rigor, com isenção e com pluralismo. Os guineenses que vivem fora do seu país terão maior dificuldade em saber o que se passa na sua terra de origem”, pode ler-se ainda na nota.
A decisão levada a cabo pelo governo guineense, e que terá efeito a partir da meia-noite de hoje (uma hora da manhã em Lisboa), só pode ser visto, de acordo com a estação pública, “como um retrocesso”.
No final do comunicado, a RTP evoca ainda a relação “de muitos anos” que a estação estatal tem mantido com este país, realçando o “espírito de entreajuda” e “uma relação relação de cooperação técnica e de formação, com vantagens mútuas”. Assim sendo, a RTP procurará “manter e, se possível, desenvolver essa relação com a Guiné-Bissau, ligada por fortes laços a toda a comunidade lusófona”.
Em jeito de conclusão, a estação pública “formula votos de que esta decisão possa ser ultrapassada o mais brevemente possível”.
Este é o segundo caso de uma estação de televisão portuguesa que deixou de emitir os seus conteúdos no continente africano. No passado dia 14 de março, a distribuidora angolana de televisão por subscrição Zap, detida pela empresária Isabel dos Santos, decidiu suspender a transmissão dos canais SIC Notícias e SIC Internacional África em Angola, evocando razões exclusivamente comerciais (recorde a polémica aqui).
TEXTO: Alexandre Oliveira Vaz