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“Se a Netta criança me tivesse visto em horário nobre, a Netta criança teria sido muito menos infeliz”

Netta from Israel during press conference after won the Grand Final of the 63rd annual Eurovision Song Contest (ESC) at the Altice Arena in Lisbon, Portugal, 13 May 2018. Twenty-six finalists are competing to win the ESC 2018. MIGUEL A. LOPES/LUSA

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A israelita Netta Barzilai venceu esta noite a 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, o primeiro organizado em Portugal. Aos jornalistas, a cantora disse ter estado a competir apenas com ela própria e deixou (mais) uma mensagem aos “rapazes estúpidos”.

“Eu não sou o teu brinquedo, rapaz estúpido”, diz o refrão de “Toy”, tema interpretado por Netta Barzilai que deu a Israel, este sábado à noite, a quarta vitória do país no maior certame de música europeu. Na conferência de imprensa que se seguiu ao espetáculo, que decorreu na Altice Arena, em Lisboa, a cantora foi desafiada pelos jornalistas a deixar uma palavra aos “rapazes estúpidos” que retrata na sua música.

“Penso não ter muito para lhes dizer depois do que aconteceu hoje, depois de a maioria me ter escolhido”, respondeu a cantora. “Toy”, composto por Doron Medalie e Stav Beger, concorreu a esta Eurovisão como um hino ao movimento #MeToo, nascido nos Estados Unidos como forma de apoio às vítimas de assédio e abuso sexual.

Netta, de 25 anos, frisou que, ao longo da aventura eurovisiva lusa, esteve a competir “apenas” consigo mesma e que o facto de ter vencido “a diferença” é, por si só, mais um grande passo no sentido da aceitação. “Se a Netta criança me tivesse visto em horário nobre, a Netta criança teria sido muito menos infeliz”, confessou.

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Recorde-se que a intérprete admitiu ter sido vítima de “bullying” quando nova. “Isso fez de mim quem eu sou. Sim, passei por momentos difíceis”, lembrou.

Antes de abandonar a maior sala de espetáculos da capital portuguesa, a delegação israelita teve ainda tempo para voltar a entoar “Toy” e ainda “Hava Nagila”, música israelita cujo título significa “Alegremo-nos”. “Não há nada como uma festa em Israel. Vão descobri-lo no próximo ano”, antecipou Netta, que até já sabe a primeira coisa a fazer quando chegar ao seu país: “Húmus”.

TEXTO: Ana Filipe Silveira e Dúlio Silva