Diogo Morgado: “Hoje, quem é ator é maluco”

Diogo Morgado
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Diogo Morgado está de volta à TVI com a novela “Para Sempre”. Ator reconhece que sofre psicologicamente com a pandemia.

Diogo Morgado voltou a gravar para a TVI. Depois de “A Teia”, há dois anos, o ator está concentrado na novela “Para Sempre” e na personagem “Pedro Valente”, um jovem que foi abandonado pela mãe e que, depois de um telefonema anónimo, descobre que ela é uma das pessoas mais ricas do Norte.

A novela é “fechada”, ou seja, só vai estrear-se quando estiver toda gravada e o protagonista conta como a pandemia o tem condicionado. Muito. “Gravar nestes tempos é o mais difícil. O início do projeto foi muito duro, com muita tensão. Ninguém estava preparado mentalmente”, começa por referir sobre a covid-19. “Tive muita dificuldade em começar com a força com que gosto, mas usei isso para a personagem, nomeadamente a fragilidade que senti a nível pessoal. Nesse aspeto será um projeto único!”

Diogo Morgado assume que não consegue explicar como a pandemia o condiciona. “O problema não são as máscaras, os testes, é algo subliminar. Há algo aqui atrás que não está bem; uma espécie sombra (aponta para trás do pescoço), não está certo (sopra)”. “Pode ser medo, ansiedade, e a pandemia até altera a forma como acordo de manhã. Não finjo que está tudo bem e não ignoro o elefante na sala, mas repenso as coisas”, admite.

Para o ator, a covid-19 fez também o público ver a ficção de outra forma. “Acredito que as pessoas para quem estou a trabalhar são diferentes depois da pandemia. Têm interesses diferentes. Observam projetos distintos. Se houve algo positivo foi melhor utilização do nosso tempo”.

“Mentalmente a pandemia impactou-me e não gosto de esconder isso e há pessoas que dizem que está tudo bem, mas o índice de depressão a ansiedade nunca foi tão grande. O meu filho de 11 anos viu interrompido o seu ciclo de crescimento; não sou pessimista, mas não quero varrer as coisas para debaixo do tapete”, acrescenta o “Pedro” de “Para Sempre”.

Recentemente, o também realizador foi muito elogiado por Daniela Ruah, que reconheceu que Diogo Morgado se revelou uma inspiração para realizar, para a RTP, “Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito”. É preciso um ator ter um plano B na carreira? “Quando gravámos ‘A Espia’ disse-lhe para não pensar demais, se ela queria contar uma história que o fizesse, até porque tinha os meios!” lembra. “Plano B? Quem é ator é maluco, isto não é profissão para ninguém! Ou se gosta disto quase a nível celular e é algo que ultrapassa o racional, ou não vale a pena. É esquizofrénico o pôr comida na mesa depender se alguém gosta de nos ver”, afirma, à despedida.