Nuno Markl chora a morte de amigo: “Passou pela minha vida como uma estrela cadente”

Fotografia: Instagram de Nuno Markl

Nuno Markl vive um momento de dor após a morte do amigo Jorge Costa na sequência de uma batalha contra o cancro.

O humorista partilhou a notícia no seu perfil de Instagram e prestou uma última homenagem ao cronista.

“Morreu o Jorge. Passou pela minha vida como uma estrela cadente – fugaz, mas com luz intensa. […] O Jorge Costa – na altura apenas uma silhueta anónima ao pé de um nome, nas ‘Crónicas de um Sem Abrigo’ – foi um homem que perdeu tudo: trabalho, teto, dignidade”, começou por escrever.

“Mas tendo ele estado do outro lado, o das pessoas que tiveram uma vida dita normal e que viraram a cara a tanto sem abrigo que com elas se cruzou na rua, assim que se viu do lado de quem nada tem e que não só precisa de dinheiro mas de empatia, decidiu escrever a sua saga numa série de crónicas arrebatadoras. Fiquei agarrado. A escrita do Jorge, viva, fresca, tragicómica, era a aventura definitiva de um peixe fora de água: um homem como nós, obrigado a dormir na Gare do Oriente e arredores, ao relento, a lutar por espaço, por comida, por tudo. A tentar sobreviver”, acrescentou.

“Senti que tinha de adaptar as ‘Crónicas de um Sem Abrigo’. Para uma série? Para um filme? Não sei […]. Pouco mais velho do que eu, fã de música e de cinema, colecionador de argumentos do Tarantino e agora – graças à boa vontade de leitores das suas crónicas – a viver debaixo de um teto humilde (mas um teto!) e a escrever os textos finais da sua aventura num computador cedido por uma leitora”, disse ainda.

“Senti-o feliz com a ideia de transformar As Crónicas numa ficção baseada numa dura e por vezes surreal realidade. Envolvi entretanto a Filipa Amaro, que conheci quando fiz uma pequena participação na série dela, Frágil. Pareceu-me a pessoa ideal para ajudar a transformar as crónicas da vida do Jorge nas ruas numa história audiovisual digna. Também ela se empolgou com a escrita dele. Não cheguei a apresentá-los. Não tivemos tempo”, afirmou.

“O Jorge tinha uma doença grave que o tempo nas ruas agravou, e apesar do entusiasmo dele neste projeto, o corpo já fraquejava e hoje partiu. Não irá ver o filme ou a série que fizermos da sua história, mas deixou-nos tanto com que trabalhar. Incluindo a alegria de acreditar que isto vai acontecer. Obrigado, Jorge. Boa viagem. E para nós, mãos à obra”, rematou.